quinta-feira, 26 de junho de 2008

Por que alguns presbiterianos conservadores não gostam de liturgia? -- Parte 2

Por Jeffrey J. Meyers

(leia o original aqui)
(leia a parte 1 aqui)

Nossos irmãos e irmãs em cristo na fé presbiteriana jamais acolherão com entusiasmo o culto litúrgico sem uma liderança pastoral que seja não apenas capaz de explicar sua fundamentação bíblica e teológica em aulas e sermões, mas também, e talvez até mais importante do que a habilidade didática, seja a capacidade de liderar um culto litúrgico, com habilidade e sensibilidade.

Creio que muitas congregações presbiterianas não tenham experimentado os benefícios de um culto litúrgico, e isso ocorre primeiramente porque nossos próprios ministros não experimentaram nada como a liturgia vibrante, cativante e bíblica de que eu estou falando. Não é preciso nem dizer que eles não foram suficientemente treinados para a liderança litúrgica. Mas, deixando a teologia do culto de lado por um momento, quero abordar a questão da competência para oficiar em um culto litúrgico.

Congregações presbiterianas não gostam de liturgia porque seus ministros não sabem como conduzi-la. Conseqüentemente, como não tiveram um treinamento efetivo, esses pastores vão conduzir essa liturgia ou de maneira casual, descomprometida, ou pior, de maneira apologética, agressiva, sem muita confiança no seu papel de ministros ordenados. Pior ainda, muitos vão simplesmente abdicar de sua liderança em favor de “comissões de culto” ou “equipes de liturgia”. Há toda uma gama de problemas de “desempenho”, que eu creio que obstruem uma adequada apreciação do culto litúrgico. Alguns cultos “tradicionais” são executados de forma tão lenta e ponderada, que fica lhes faltando a vida e a emoção que caracterizam o culto litúrgico. As partes do culto que cabem ao ministro podem ser conduzidas de forma tão entediante que ninguém fica motivado a responder de coração aos chamados à confissão, ou à adoração. Os hinos podem ser cantados em um tempo tão lerdo que tudo o que a congregação quer é chegar logo à última estrofe. Mesmo que seja observada a ordem correta de se buscar a presença de Deus, a liderança pode ser tão descuidada que o povo não consegue perceber o que Deus tem feito por ele, em qualquer parte do culto.

Como isso pode acontecer? Vamos passar uns exemplos. Um ministro (ou líder leigo) pode ser prolixo demais, ou ter uma postura arrogante, ou ser informal demais, de modo que ele chama a atenção para si mesmo, em vez de funcionar como um instrumento de Deus a serviço do povo. Ministros ou líderes leigos que não são capazes de se preparar adequadamente antes do culto podem desviar a atenção do povo do verdadeiro foco do culto – o que Deus tem feito por nós, e a nossa resposta a Ele – para si mesmos, de uma forma tão grande que tudo o que o povo consegue é sentir pena do coitado que não consegue se encontrar, nem sabe o que falar em cada momento do culto. Talvez um dos maiores obstáculos ao culto seja a liderança do ministro que não tem noção da solenidade da situação, e por isso não serve com o devido cuidado o povo de Deus no culto. “Ora, se culto tradicional é isso”, o povo pensa, “então tragam logo o culto espontâneo, dirigido pela congregação”. E eu concordo. Eu iria, também, preferir esse culto. Frank Seen tem razão, quando diz:

A experiência da Reforma também nos ensina que, quando a liturgia dá problema, o problema costuma ser menos com a sua forma e conteúdo, do que com o jeito que ela é celebrada e interpretada. Hoje, as formas históricas de culto estão sendo abandonadas em favor de “liturgias alternativas”, que empregam música de estilo pop e dramatizações, argumentando que a liturgia tradicional é chata ou que não faz sentido para quem só vai ao culto esporadicamente (e, às vezes, nem para quem é freqüentador assíduo). Quase sempre, esse argumento é dado por pastores que não têm muita competência em presidir a liturgia de uma forma compreensível ou estimulante, e que talvez sejam, até, inseguros no papel de ministro oficiante. Essa incompetência com o ritual inclui não apenas o desempenho fraco dos ministros, dos músicos e da congregação, mas também a falta de noção, por parte de quem prepara a ordem do culto, para saber o que adicionar ou tirar das ordens que vêm prontas nos manuais da denominação. Muitas liturgias ficam atoladas por causa da inclusão de detalhismos que não constam da ordem original, ou tomam rumos incertos no ritual, que levam para uma teologia incerta. Assim, não espanta que eles não consigam atrair os adoradores atuais. Quanto ao argumento de que a liturgia é chata; a liturgia ocidental não sofre de mesmice e monotonia: ela foi construída sobre o princípio da variedade de ritos, costumes e opções musicais e de leituras do calendário cristão (“The Reform of the Mass: Evangelical, but Still Catholic”, in The Catholicity of the Reformation, ed. por Carl E. Braaten & Robert W. Jenson [Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1996, p. 51-2).


(continua)

Um comentário:

Anônimo disse...

Oiee amor, eu mandei um e-mail ao invez de um comentário, bobinha né?
Bom, escrevo aqui tudo que disse lá, que apesar de não conhecer e entender muito bem esse assunto, garanto para todos que aqui entram, postam, que tudo que é feito por vc, principalmente isso é bem feito!
Te amo muito!
Um grande beijo