quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Liturgia: Véspera de Natal, 2010

Provavelmente encerrando este ano, posto esta sugestão de liturgia para a Noite de Natal deste ano. Leituras segundo o Lecionário Comum Revisado, as sugestões musicais todas têm links para o Youtube ou outra fonte de audio.

Como sempre, a versão Word é melhor para ler na tela, a versão em PDF sai prontinha para impressão no formato boletim.

Feliz Natal a todos!

Carta Aberta aos vogais do Conselho de Hinologia, Hinódia e Música da IPB

Na verdade, eu mandei isto por e-mail aos conselheiros. Mas publico aqui também, por ser pertinente.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Sermão: Lázaro e o homem rico (Lc. 16.19-31)

Sermão sobre o texto do Evangelho do 26.º Domingo do Tempo Comum, Ano C, pregado em 26/09/2010 na Igreja Presbiteriana Ebenézer, em Franca/SP, em duas partes.



sexta-feira, 24 de setembro de 2010

O sentido do Credo e da Oração do Senhor no culto

do meu Formspring.

Pra que serve ficar repetindo todo domingo "credo apostólico" e "Pai Nosso"? Isso não torna o culto enfadonho?

Só fica "enfadonho" pra quem não sabe o porquê de se fazer isso e por isso prefere que cada culto, a cada domingo, tenha uma novidade, seja algo diferente do anterior. Não costumam perceber que cantar meia dúzia de cânticos seguidos de um sermão e bênção, por mais estripulias que se coloque entre um e outro, também é "mesmice"...

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Saudade de Roma? Não!

Nos comentários do post  A Liturgia Evangélica 22: A Bênção, o Nilson fez um questionamento tão bom e tão pertinente, e a resposta ficou tão extensa, que acho que rende um post próprio. Aqui vai:

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Uma imagem fala mais do que mil palavras...




O Rev. Roberto Brasileiro da Silva, Presidente do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil, trajando toga e estola, segundo a melhor tradição reformada.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Culto: XXII Domingo do Tempo Comum, Ano C (29/08/2010)

Ontem tivemos a oportunidade, além de ministrar aula na Escola Dominical, de celebrar o culto e pregar na Congregação Presbiteriana do Jardim Paulistano, aqui em Franca.

Ordem Litúrgica
Texto integral do Sermão

E aqui, o culto, na íntegra (menos os cânticos):

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

A Liturgia Evangélica 23: O Poslúdio



Por Michael "iMonk" Spencer.

The Evangelical Liturgy 23: The Postlude originalmente publicado em InternetMonk, 11 de novembro de 2009. Traduzido com permissão.

Eu servi em duas igrejas com órgãos e organistas excepcionais. Algumas das minhas melhores lembranças de culto são do poslúdio.

Depois que o último amém soou, a congregação já deixando o templo e o organista, com a ajuda de Bach, destelhava o prédio com sua música.

Eu ficava completamente imerso. Não enjoava disso. Se você tem a oportunidade de ter esse tipo de poslúdio, eu estou oficialmente com inveja.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

A Liturgia Evangélica 22: A Bênção

Por Michael "iMonk" Spencer.

The Evangelical Liturgy 22: The Benediction originalmente publicado em InternetMonk, 8 de novembro de 2009. Traduzido com permissão.

Estamos chegando ao fim desta série. Sinto-me muito honrado por todos vocês que seguiram conosco neste passeio. Espero que alguém tenha, com isso, pensado na glória perdida da tradição litúrgica protestante, e as muitas e maravilhosas conexões bíblicas, evangélicas e ecumênicas que são possíveis ao se restabelecer alguma forma dela no evangelicalismo.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

O que vocês acham dos ministros de louvor?

Extraído de uma discussão do Orkut.


O que vocês acham dos ministros de louvor?

Que entre uma musica e outra ficam falando geralmente as mesmas coisas sempre.
Vocês acham bacana, desnecessário, irritando, ajuda a louvar mais ainda??

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

A Liturgia Evangélica 21: O Apelo

Por Michael "iMonk" Spencer.

The Evangelical Liturgy 21: The Invitation originalmente publicado em InternetMonk, 3 de novembro de 2009. Traduzido com permissão.

Para nossos amigos litúrgicos espiando esta série, o apelo público será certamente um bicho esquisito, evocando imagens de uma trilha de serragem e pecadores em prantos suplicando aos pés de um palco enquanto um evangelista os insta a orar. Na verdade o apelo é simplesmente uma porção do culto onde os participantes que talvez desejem fazer certos atos como confessar sua fé ou aderir à igreja, por meio de um ato público inicial, em um culto público, geralmente no fim da celebração, que consiste em ir lá na frente falar com o ministro, podem fazê-lo.

Eu sou um opositor ferrenho do apelo público no culto. Já escrevi extensamente sobre isso no InternetMonk em vários artigos passados. Confira Leave your seat, leave your sin [Deixe seu banco, deixe seu pecado, N. do T.], partes 1, 2 and 3. No entanto, esta série está descrevendo uma liturgia protestante típica, e os fatos são inegáveis: a maioria dos evangélicos e boa parte dos protestantes faz uso de alguma forma de apelo público, de modo que ele precisa ser abordado em uma discussão de liturgia.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

A Liturgia Evangélica 20: Silêncio

Por Michael "iMonk" Spencer.

The Evangelical Liturgy 20: Silence originalmente publicado em InternetMonk, 29 de outubro de 2009. Traduzido com permissão.

O silêncio foi banido da maior parte dos cultos contemporâneos como se fosse uma coisa totalmente vil; no entanto, qual consumidor de cultos modernos não voltaria de um retiro monástico dizendo "eu adorei o silêncio"?

A liturgia protestante não tem tradição de silêncio, mas momentos de silêncio foram incorporados, com freqüência, no culto protestante.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

A Liturgia Evangélica 19: A Oração Pastoral

Por Michael "iMonk" Spencer

The Evangelical Liturgy 19: The Pastoral Prayer originalmente publicado em InternetMonk, 26 de outubro de 2009. Traduzido com permissão.

Em seu excelente livro Mother Kirk, Douglas Wilson faz uma maravilhosa defesa do ministério das orações pastorais escritas. O leitor médio dirá "Do que ele está falando?". E esse é o problema: uma parte importante do culto que é de responsabilidade do pastor tem sido muito negligenciada. Tanto que a mera sugestão de resgatá-la soa como algo bizarro.

terça-feira, 27 de julho de 2010

A Liturgia Evangélica 18: As Orações do Povo

Por Michael "iMonk" Spencer.

The Evangelical Liturgy 18: The prayers of the people originalmente publicado em InternetMonk, 22 de outubro de 2009. Traduzido com permissão.

Confira o ótimo artigo de Dennis Bratcher sobre as Orações do Povo na liturgia. Um tutorial completo sobre os diferentes tipos de orações, litanias, coletas etc. está disponível nesta página da Igreja Evangélica Luterana do Canadá. [ambos em inglês, N. do T.]

A idéia de "pedidos de oração" congregacionais em um Culto de Adoração é suficiente para fazer qualquer um que esteja organizando um culto para seekers surtar e sair correndo da reunião de planejamento.

Na minha tradição, abrir espaço para pedidos verbais de oração é um grande risco de matar a reunião em que isso aconteça. Provavelmente se ouvirá "excesso de informação" sobre procedimentos médicos, problemas familiares e várias situações onde a intervenção divina é necessária. O foco da oração raramente foge de questões médicas e pessoais. Para um visitante em uma situação dessas, esse tipo de exposição pode fornecer um bom motivo para nunca mais voltar.

É claro, uma comunidade de fé ora junta, e motivos de oração podem cobrir toda a gama das experiências humanas, desde a mais sublime até ao trivial e ao ridículo. Não é louvável que se diga que uma igreja é uma comunidade de estranhos que não choram uns com os outros ou não sentem as agruras da vida juntos.

A liturgia deveria ensinar as pessoas a orar. A mais básica de todas as funções da liturgia é moldar os pensamentos, palavras e corações -- expressões de um povo -- à forma de um ato de adoração.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

A Liturgia Evangélica 17: A Santa Ceia

Por Michael "iMonk" Spencer

The Evangelical Liturgy 17: The Lord's Supper originalmente publicado em InternetMonk, 19 de outubro de 2009. Traduzido com permissão.

Aqui está a Introdução desta série. Os demais posts podem ser lidos na categoria Série: Liturgia Evangélica.

Nos últimos dois anos, eu escrevi extensamente no InternetMonk na tentativa de recuperar alguma sanidade, freqüência e significado para a prática da Santa Ceia na minha tradição batista. Você pode encontrar esses posts nas categorias "Baptists" e "Church" nos arquivos do IM.

Para esta série, minha intenção será modesta: como a Santa Ceia (por favor, permitam-me usar apenas este nome, sem deixar de levar em conta que outros protestantes e evangélicos podem usar outros) se encaixa na liturgia evangélica e no contexto de uma recuperação da liturgia na igreja protestante?

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Liturgia e Sermões (XV e XVI domingos do Tempo Comum)

Nas últimas duas semanas, eu fui escalado para cobrir as férias de um pastor do meu presbitério, em uma das congregações da minha igreja. O resultado, pro bem ou pro mal, está aqui.

11/07/2010 (XV Domingo do Tempo Comum)
Liturgia
Sermão

18/07/2010 (XVI Domingo do Tempo Comum)
Liturgia
Sermão

sábado, 17 de julho de 2010

A Liturgia Evangélica 16: O Batismo

Por Michael "iMonk" Spencer.

 The Evangelical Liturgy 16: Baptism originalmente publicado em InternetMonk, 12 de outubro de 2009. Traduzido com permissão. 

Vou deixar isto claro de início: nós não vamos discutir a teologia do Batismo. Eu vou falar sobre o lugar do Batismo na liturgia, e o farei do ponto de vista de um credobatista descrevendo a liturgia de um culto protestante.

A maioria dos espaços formalizados de culto, mesmo os mais simples, têm um batistério ou uma pia batismal. Nestas igrejas onde o batistério/pia é uma parte permanente da arquitetura do culto, há um lembrete constante do lugar do Batismo na vida cristã.

Na minha tradição, a fé nos une a Cristo, mas o Batismo é a "confissão" de Cristo perante os homens, que inicia a participação junto ao povo reunido de Deus. O batistério/pia é freqüentemente uma parte do culto, pois Batismos são realizados e confissões de fé dadas nas águas batismais.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

A Liturgia Evangélica 15: Os Credos

Por Michael "iMonk" Spencer.

The Evangelical Liturgy 15: The Creeds originalmente publicado em InternetMonk, 9 de outubro de 2009. Traduzido com permissão.

A série inteira é apresentada aqui, e você pode achar todos os posts anteriores clicando aqui.





Um hino que eu cresci cantando dizia que "a minha fé encontrou um lugar de descanso, não em tradição ou credo." Uma acusação freqüente feita contra os conservadores batistas durante o ressurgimento conservador foi que eles estavam "impondo o credalismo" sobre a Convenção Batista do Sul.

Uma regra básica para conflitos denominacionais: antes de fazer uma acusação, certifique-se se a questão sendo discutida é de fato uma coisa ruim.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

A Liturgia Evangélica 14: O Sermão

Por Michael "iMonk" Spencer

The Evangelical Liturgy 14: The Sermon originalmente publicado em InternetMonk, 5 de outubro de 2009. Traduzido com permissão.

Cerca de 98% da blogosfera cristã é escrita por pregadores, sobre pregação, então eu me pergunto quanto eu preciso dizer sobre este assunto. No passado, eu fiz uma série breve sobre "O que há de errado com o sermão?". Muito daquilo se aplica aqui.

Este post é particularmente sobre o lugar do sermão na liturgia evangélica. A primeira coisa que eu quero dizer é que o sermão deve ser proeminente, mas não dominar a ordem do culto. Nós vivemos em um tempo em que se vivencia muita pregação em extremos, e a pregação equilibrada é rara.

O que seria pregação equilibrada?

sábado, 10 de julho de 2010

A Liturgia Evangélica 13: O Ofertório

Por Michael "iMonk" Spencer

The Evangelical Liturgy 13: The Offering originalmente publicado em InternetMonk, 2 de outubro de 2009. Traduzido com permissão.

Todos os posts desta série podem ser lidos na categoria Série: Liturgia Evangélica. Se você não sabe do que eu estou falando, leia a Introdução.


Embrenhe-se nos sertões do sudeste do Kentucky, ache uma igrejinha Holiness rural, daquelas onde a pregação, cheia de lamentos e saltos e gritos, parece uma coisa de outro mundo; uma igreja onde ninguém conseguiria ler uma ordem de culto se eles tivessem uma.

Bem no meio do culto eles terão um ofertório. A mesma coisa em quase qualquer igreja, protestante ou evangélica, a menos que eles tenham mudado de propósito o jeito como as ofertas são feitas (o que acontece em muitas igrejas que estão repensando seus cultos segundo as linhas contemporâneas/voltadas aos que buscam).

quinta-feira, 8 de julho de 2010

A Liturgia Evangélica 12: A Declaração de Perdão

Por Michael "iMonk" Spencer

The Evangelical Liturgy 12: The Assurance of Pardon originalmente publicado em InternetMonk, 28 de setembro de 2009. Traduzido com permissão.

Todo aquele que pecar tem advogado junto a Deus,
Jesus Cristo, o Justo.
Por sua vida, morte e ressurreição,
Ele encontrou suas ovelhas perdidas, e as traz de volta, regozijando-se por um pecador que se arrepende.
Em Jesus, nós jamais estamos fora do alcance do amor de Deus.
Assim, hoje, em nome de Jesus,
Eu proclamo a todos vocês, que crêem no Evangelho: Em Jesus, os seus pecados estão perdoados!
Recebei as Boas Novas!

Como um dirigente de culto, eu particularmente gosto da declaração de perdão. O anúncio do grande perdão de Deus deve trazer alegria ao coração de qualquer um que possa proclamá-lo sobre o povo de Deus.

sábado, 3 de julho de 2010

A Liturgia Evangélica 11: A Confissão Comunitária

Por Michael "iMonk" Spencer

The Evangelical Liturgy 11: The Corporate Confession originalmente publicado em InternetMonk, 23 de setembro de 2009. Traduzido com permissão.

Acompanhe esta série clicando em Série: Liturgia Evangélica.

Leitura complementar: How Corporate Confession saved my faith [Como a Confissão Comunitária salvou a minha fé]. E a parte 2. De nosso amigo Patrick Kyle. E uma maravilhosa coleção de confissões comunitárias evangélicas podem ser encontradas neste post em Reformation Theology.

TODO-PODEROSO e misericordioso Pai; nós temos errado e nos desviado de teus caminhos, qual ovelhas perdidas. Nós temos seguido por demais os desígnios e desejos de nossos próprios corações. Nós temos transgredido as tuas santas leis. Nós temos deixado de fazer aquilo que deveríamos fazer; e temos feito aquelas coisas as quais não deveríamos fazer. Não há em nós nada que seja são. Mas tu, ó Senhor, tem misericórdia de nós, miseráveis pecadores. Poupa, ó Deus, tantos quantos confessam a ti suas ofensas. Restaura tantos quantos são penitentes, segundo as tuas promessas declaradas à humanidade em Cristo Jesus, Nosso Senhor. E concede, ó Pai de misericórdia, por seu amor, que nós possamos doravante viver uma vida de santidade, justiça e sobriedade, para a glória de teu santo Nome. Amém. (Livro de Oração Comum).

DEUS Todo-Poderoso, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, Criador de todas as coisas, Juiz de todos os homens; nós reconhecemos e deploramos a multidão de nossos pecados e perversões, os quais nós, de tempos a tempos, temos lamentavelmente cometido, por meio de nossos pensamentos, palavras e ações, contra tua Divina Majestade, provocando com justiça a tua ira e indignação contra nós outros. Nós vigorosamente nos arrependemos, e sinceramente deploramos tais nossas transgressões, cuja mera lembrança nos é pesarosa, e cujo fardo nos é insuportável. Tem misericórdia de nós, tem misericórdia de nós, ó Pai de misericórdia, por amor de teu Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo; perdoa tudo quanto se passou, e concede que doravante possamos servir-te e agradar-te em novidade de vida, para a honra e glória de teu nome. Por Jesus Cristo, Nosso Senhor. Amém. (LOC)

EU confesso ao Deus Todo-Poderoso, e a vós, meus irmãos e irmãs, que eu tenho pecado, por minha culpa, em meus pensamentos e em minhas palavras, no que eu fiz e no que deixei de fazer; e rogo à Bem-Aventurada Maria, sempre Virgem, a todos os anjos e santos, e a vós, meus irmãos e irmãs, que intercedam por mim junto ao Senhor, nosso Deus. Que Deus Todo-Poderoso tenha misericórdia de nós, perdoe os nossos pecados e nos guie à vida eterna. Amém.

Senhor, tem misericórdia de nós. Senhor, tem misericórdia de nós.
Cristo, tem misericórdia de nós. Cristo, tem misericórdia de nós.
Senhor, tem misericórdia de nós.Senhor, tem misericórdia de nós. (do Rito Penitencial Católico Romano)


Pergunte a um visitante de primeira viagem em um culto litúrgico o que ele mais gostou, e há uma boa chance que eles digam "a confissão comunitária de pecados". Tem alguma coisa que é impossível de apontar, em se ver o povo de Deus, unido e em palavras conhecidas, dizendo que são pecadores e que precisam da graça.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

A Liturgia Evangélica 10: O Sermão das Crianças

Por Michael "iMonk" Spencer.

The Evangelical Liturgy 10: The Children’s Sermon originalmente publicado em InternetMonk, 10 de setembro de 2009. Traduzido com permissão.

Para quem está chegando agora, leiam a Introdução desta série, então cliquem aqui em Série: Liturgia Evangélica para ler os demais artigos. Resumindo, eu estou caminhando por todas as partes do culto protestante tradicional e discutindo o mérito de recuperarmos nossa própria tradição litúrgica.


O sermão das crianças é certamente a parte mais inovadora e opcional da liturgia protestante. Eu não conheço suas verdadeiras raízes históricas no evangelicalismo, mas hoje em dia já é uma prática comum em muitas igrejas protestantes que empregam o tipo de liturgia que eu estou descrevendo aqui.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

A Liturgia Evangélica 9: O Canto

Por Michael "iMonk" Spencer

The Evangelical Liturgy 9: Singing originalmente publicado em InternetMonk, 8 de setembro de 2009. Traduzido com permissão.

Para quem está chegando agora, leiam a Introdução desta série, então cliquem aqui em Série: Liturgia Evangélica para ler os demais artigos. Resumindo, eu estou caminhando por todas as partes do culto protestante tradicional e discutindo o mérito de recuperarmos nossa própria tradição litúrgica.

O canto. Ah, sim... Cantar. Eu adoro cantar. Eu aprendi a cantar antes de me tornar cristão, primeiro na escola, e depois na igreja. Eu tenho saudade de cantar, mais do que eu consigo expressar. Nossos alunos não cantam. A maioria dos adultos com quem eu trabalho não cantam muito. Eu adorava os corais e os hymn-sings de quando era um jovem cristão. É uma das piores coisas de se estar no deserto do evangelicalismo. Nada para mim é mais maravilhoso do que cantar na igreja.

sábado, 26 de junho de 2010

A Liturgia Evangélica 8: A Leitura Pública das Escrituras

Por Michael "iMonk" Spencer

The Evangelical Liturgy 8: The Public Reading of Scripture originalmente publicado em InternetMonk, em 7 de setembro de 2009. Traduzido com permissão.

Para quem está chegando agora, leiam a Introdução desta série, então cliquem aqui em Série: Liturgia Evangélica para ler os demais artigos. Resumindo, eu estou caminhando por todas as partes do culto protestante tradicional e discutindo o mérito de recuperarmos nossa própria tradição litúrgica.

Em 7 de março, eu escrevi "The strange case of the missing Scripture Lessons". Ele é uma boa leitura complementar para este post.

Na maioria dos cultos de igrejas "litúrgicas", algo entre 10 a 15 minutos de todo culto são investidos na leitura pública das Escrituras. Nas tradições mais comuns, os textos do lecionário do dia são lidos ou cantados, responsivamente e/ou por leitores. Isso pode incluir um Salmo do dia, uma lição do Antigo Testamento, uma lição do Novo Testamento e uma leitura dos Evangelhos, que freqüentemente é a base do sermão. Sentenças bíblicas podem pontuar outras porções do culto e não é inusitado que o sermão ocasionalmente seja baseado em um texto que não os das lições do dia.

Em muitas igrejas evangélicas, particularmente aquelas com um sabor mais contemporâneo, a leitura pública da Bíblia é evitada. Textos são espalhados em algumas letras de músicas e inseridos como pontos, ou dados em referências no sermão. Mas não haverá lições bíblicas, nenhuma leitura das Escrituras fora do uso de textos em alguma parte do culto, e nenhuma noção de que leituras substanciais da Bíblia sejam um uso elevado e digno do tempo do culto.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

A Liturgia Evangélica 7: A Invocação

Por Michael "iMonk" Spencer.

The Evangelical Liturgy 7: The Invocation originalmente publicado em InternetMonk, 3 de setembro de 2009. Traduzido com permissão.

Para quem está chegando agora, leiam a Introdução desta série, então cliquem aqui em Série: Liturgia Evangélica para ler os demais artigos. Resumindo, eu estou caminhando por todas as partes do culto protestante tradicional e discutindo o mérito de recuperarmos nossa própria tradição litúrgica.

A Invocação tem a distinção de ser um dos remanescentes mais presentes e consistentemente localizados na liturgia protestante, mas também a de ser uma das partes do culto menos levadas seriamente. Nós podemos sempre contar com uma Oração Introdutória, mas nunca se sabe o que se vai ouvir nela. (A menos que você esteja em uma daquelas igrejas onde o que você vai ouvir é absolutamente previsível, não importa o que estiver acontecendo no culto.)

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Liturgia Comparada

Eu preparei este material para embasar uma argumentação na comunidade João Calvino no Orkut. Mas creio serem de interesse geral dos nossos leitores: trata-se das traduções das liturgias oficiais da RCA, da CRCNA, da PCUSA, da PECUSA (antiga episcopal americana) e da ULCA (antiga luterana americana).

Delas, acho que a mais interessante é a luterana, que é uma liturgia inteira cantada, partituras inclusas.

E saiu uma nova revisão do Rito I do Manual da Sociedade pela Liturgia Reformada (sim, de novo).

Eu tentei conservar a diagramação original tanto quanto possível. E pode ser que eu faça novas traduções, dependendo do que me vier às mãos, e do interesse dos leitores! Comentem!

Boa leitura!

sexta-feira, 11 de junho de 2010

A Liturgia Evangélica 6: O Chamado à Adoração


Por Michael "iMonk" Spencer

The Evangelical Liturgy 6: The Call to Worship originalmente publicado em InternetMonk, 25 de agosto de 2009.

"Tributai ao SENHOR a glória devida ao seu nome; trazei oferendas e entrai nos seus átrios. Adorai o SENHOR na beleza da sua santidade; tremei diante dele, todas as terras. Dizei entre as nações: Reina o SENHOR. Ele firmou o mundo para que não se abale e julga os povos com eqüidade. Alegrem-se os céus, e a terra exulte; ruja o mar e a sua plenitude. Folgue o campo e tudo o que nele há; regozijem-se todas as árvores do bosque, na presença do SENHOR, porque vem, vem julgar a terra; julgará o mundo com justiça e os povos, consoante a sua fidelidade."

Nenhum elemento da liturgia evangélica é tão claramente bíblico quanto o Chamado à Adoração. Ele tem suas raízes firmemente plantadas no vocabulário, na história e na teologia bíblicas.

O chamado de Deus é fundamental para o anúncio geral da salvação e a obra específica do Espírito Santo na vida do crente. O chamado de Deus cria, reúne e identifica. Ele investe uma reunião comum com a significância do povo de Deus entrando na presença e no propósito de Deus no culto.

domingo, 6 de junho de 2010

Liturgia Evangélica 5: O Prelúdio



Por Michael "iMonk" Spencer

The Evangelical liturgy 5: The Prelude originalmente publicado em InternetMonk, em 23 de agosto de 2009. Traduzido com permissão.

Na maioria dos cultos evangélicos e protestantes há alguma forma de transição entre o momento de não-culto e o momento de culto. Embora este seja um dos elementos menos essenciais do culto, esse "prelúdio" serve a um número de funções úteis.

Os protestantes têm um histórico desigual quanto a tratar o espaço e o tempo do culto como um momento de resposta focada de oração a Deus. O lado mais católico do corredor tende a respeitar e honrar a prática de silêncio reverente, enquanto os evangélicos, com freqüência, não apenas a desprezam, como às vezes até mesmo se opõem a ela, ao encorajar os presentes a se socializarem e conversarem uns com os outros.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

A Santa Ceia: testemunho da presença de Cristo

“Porventura, o cálice da bênção que abençoamos não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é a comunhão do corpo de Cristo?” (I Co. 10.16)

Na última quinta-feira, segundo o calendário da Igreja Católica Romana, foi observada a solenidade de Corpus Christi. Esse dia foi transformado em feriado por causa da importância para a teologia romana daquilo que ele comemora: a presença de Cristo na Eucaristia. Eu gostaria de investir algum tempo neste assunto, hoje. A questão da presença (ou da ausência) de Cristo no Sacramento da Eucaristia, que é a Santa Ceia do Senhor, foi um dos assuntos mais acaloradamente discutidos de toda a história do Cristianismo, e ainda hoje é motivo de dúvida e de divisão no seio da Igreja. Desde a Antigüidade até os dias de hoje, estudiosos como Agostinho de Hipona, Tomás de Aquino, Philip Melanchton, Ulrico Zwinglio, João Calvino, Karl Barth e vários outros, escreveram obras com milhares de páginas e dezenas de volumes para tentar explicar em detalhes como é que isso acontece, de Cristo estar presente conosco, quando nos reunimos em torno da sua Mesa.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Liturgia Evangélica 4: A Congregação

Por Michael "iMonk" Spencer.

Originalmente publicado em InternetMonk, em 19 de agosto de 2009. Traduzido com permissão.

Eu andei pensando bastante sobre este post, e eu simplesmente não consigo pensar em nada pra dizer que não seja o óbvio.

O culto público evangélico é o culto do povo de Deus. Deus atua, fala, convida e oferece. O povo de Deus responde em adoração, serviço, ministério e missão. Esse é o espírito e o conteúdo do culto como um evento do povo de Deus reunido e como uma influência constante. Fazer do culto evangélico qualquer outra coisa é deturpar o culto.

Liturgia: IX Domingo do Tempo Comum, Ano C



Proposta de ordem litúrgica para este domingo.

Formato .doc (melhor para ler em tela).

Formato .pdf (sai impresso em formato boletim).

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Liturgia Evangélica 3: Os líderes

Por Michael Spencer (iMonk)

Originalmente publicado em InternetMonk, 16 de agosto de 2009. Traduzido com permissão.

Introdução, Parte 1, Parte 2.

Se você está esperando um tratado completo de Teologia Pastoral, terá de me desculpar. Eu vou falar aqui sobre a relação dos líderes com o serviço de culto propriamente dito, e algumas questões correlatas. O sermão será um tópico separado. Um dos argumentos que eu quero colocar é que o papel do ministro não se resume ao de pregador.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Liturgia Evangélica 2: A Caixa de Ferramentas

Por Michael Spencer (iMonk)

Originalmente publicado em InternetMonk, em 15 de agosto de 2009. Traduzido com permissão.

NOTA: Já leu a Introdução? O primeiro post? Você deve.

As "ferramentas" para o culto referem-se aos livros e literatura de apoio necessários para fornecer um conteúdo, sabor e limites distintamente evangélicos ao culto público.

Um dos problemas com o culto evangélico é que a "caixa de ferramentas" inteira é, com freqüência, apenas o pastor e/ou o "líder de louvor"! Isso jamais deveria ser assim. Um membro ou visitante de igreja protestante deveria sempre poder recorrer à caixa de ferramentas de conteúdo autoritativo e não-autoritativo, e compreender o que está acontecendo no culto e mesmo o por quê do que está acontecendo.

domingo, 23 de maio de 2010

Pentecostes!

Hoje comemoramos o aniversário da Igreja Cristã!

Proposta de culto para o Domingo de Pentecostes:

Formato Word (melhor para ler em tela)
Formato PDF (pronto para a impressão em formato boletim)

domingo, 16 de maio de 2010

A Liturgia Evangélica 1: O ambiente de culto

Por Michael Spencer (iMonk)

Originalmente publicado em InternetMonk, 14 de agosto de 2009. Traduzido com permissão.

Link para um ótimo artigo (em inglês) sobre o design do espaço litúrgico no Calvin Institute of Christian Worship.

Nota: alguém me perguntou onde foi que eu, um Batista do Sul, peguei a febre da liturgia. Eis aqui uma foto da Igreja Batista de Highland, em Louisville, onde eu ministrei por três anos. Do presbitério. E do lado de fora.

O culto da Nova Aliança pode acontecer em qualquer lugar, a qualquer momento. Não existe um tipo de lugar especificada nas Escrituras, nem qualquer disposição dos elementos externos do culto que nós somos mandados imitar.

(iMonk) Nova série: A liturgia evangélica - Introdução


Por Michael Spencer (iMonk)

Originalmente publicado em InternetMonk, em 13 de agosto de 2009.

***
A partir de hoje, a SLR começa a publicar uma série de autoria de Michael Spencer, o falecido iMonk, sobre as igrejas evangélicas (quase universalmente a-litúrgicas do ponto de vista da tradição ocidental) e a relação que elas podem estabelecer com a forma do culto da Igreja universal.

iMonk foi batista de berço, tomou contato com a liturgia histórica ainda no seminário e tornou-se um entusiasta da sua promoção nas igrejas evangélicas, que não costumam ter laços com a tradição cristã histórica.

Suas lições podem muito bem se aplicar a igrejas protestantes que perderam o contato com as suas raízes. A SLR agradece, como sempre, a autorização de tradução e publicação desses artigos, dada pelos editores do InternetMonk.

O Editor

***

Estou começando uma série de breves (espero) posts sobre "a liturgia evangélica". Nestes posts, eu vou pesquisar os elementos básicos de uma ordem de culto protestante tradicional, em uma igreja tradicional. E vou oferecer um breve comentário de cada um desses elementos, na intenção de explicar e desdobrar o que eu vejo como o valor de uma liturgia tradicional evangélica.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Manual de instruções para a vida

Não tem muito a ver com o escopo do blog, mas este vídeo é bom demais para deixar passar.

Pra quem clicar e assistir direto no youtube, há legendas em português.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Doutor StrangeLiturgy


Eu tenho amigos em lugares high-church.

Por Michael Spencer*

Originalmente publicado em InternetMonk, em 11 de abril de 2010. Traduzido com permissão.

A graça de eu estar em pé diante de uma igreja presbiteriana, vestindo toga, recitando o Credo Apostólico e dirigindo confissões congregacionais ainda não se perdeu pra mim. Se ao menos o pessoal da Igreja Batista de Hall Street pudesse me ver agora... eles não estariam rindo. (É Thomas Cranmer ali no canto com o sorrisinho irônico?)

domingo, 25 de abril de 2010

Conselhos litúrgicos grátis!

Por Jeffrey J. Meyers.

Originalmente publicado em Corrigenda Denuo, 11 de outubro de 2008 e 27 de outubro de 2008.

1. Música de fundo

Não fui eu quem escreveu O livro de liturgia (embora eu tenha escrito um livro sobre o assunto). Isso não faz de mim um especialista, mas acho que tenho um olho (e um ouvido) bom para apontar idiotices litúrgicas. É isto que eu pretendo fazer aqui: identificar alguns erros de prática litúrgica comumente cometidos em cultos públicos americanos. Corrigenda litúrgica (coisas a serem corrigidas), se me permitem. A Lucy cobra 5 centavos. Meus conselhos são de graça.

Este é meu primeiro conselho: não toque música de fundo durante a oração pastoral. Você sabe do que eu estou falando. O piano ou teclado começa a tocar alguma coisa lenta e indefinida, tipo música de elevador, quando o pastor começa a orar. E a musiquinha continua ao longo da oração. Às vezes a idéia é que ela estimule pensamentos "santificados", ou mesmo "espaciais". Sim, eu já ouvi música "espacial" sintetizada tocada durante a oração. Não sei que outro nome dar para isso; é o tipo de música que você ouviria durante uma apresentação no planetário mais próximo.

Essa prática é breguice total. É incrivelmente irritante e ridícula! Suspeito que ela venha diretamente dos cultos televisados e de outros "ministérios" televangelísticos. Não faça isso. Só ore. Se as pessoas estão tendo dificuldade de acompanhar suas orações, pastores, então encurtem-nas! Isso mesmo. A maioria das orações pastorais são longas demais. Melhor ainda, use uma forma de oração - uma litania ou uma prece intercessória - que realmente inclua a congregação no ato de orar. Essa sim, é uma idéia nova. Na verdade, não - é uma prática antiga que trata a congregação como participantes da liturgia, e não apenas uma audiência a ser manipulada com música emotiva.

Deixe a breguice para uma festa brega, onde ela é engraçada de verdade. Mantenha-a fora da igreja.

2. Não fale, faça!

Quantas vezes eu preciso dizer isto? Quem está me ouvindo? Tem alguém aí?

Não pregue outro sermão na Mesa antes da Comunhão. A gente já ouviu um sermão hoje, e se ele foi um sermão presbiteriano, ele provavelmente já foi longo demais. Pra que precisamos de outro mini-sermão antes da Ceia? Chega de falatório! Não precisamos de mais uma explicação comprida ou convite à Mesa antes da Santa Ceia. Simplesmente sirva a Ceia como Jesus mandou.

Nossa tradição é bem falha nesse departamento. Parece que a gente precisa "cercar" a Mesa com força pra que a Ceia faça efeito, para que o povo a leve a sério de verdade. Mesmo que a gente concorde que é preciso levar a Ceia a sério, o que nos faz pensar que falar sobre isso por 15 minutos antes de servirmos a comida fará diferença? Presbiterianos parecem não conseguir "sacar" o ritual a menos que cada passo seja "explicado" na liturgia.

Além do mais, a Mesa não tem a nada a ver com nos voltarmos para nós mesmos, nem com termos uma experiência individual com o Senhor. É um evento social, uma refeição ritual com outras pessoas!

Não é surpresa para mim que a maioria das igrejas presbiterianas e reformadas não pratiquem a Comunhão semanal. Quem iria querer aturar um chamado tão comprido a uma auto-reflexão "séria" e a uma "genuína" e "honesta" e "verdadeira" e "real" e "interna" apreciação da Mesa toda bendita semana? Eu não.

Lembrem-se, eu já discuti esse tipo de coisa aqui. Talvez eu devesse publicar em série minha exposição na Assembléia Geral da PCA deste ano e postar aqui.

_______________

Jeffrey Meyers é Ministro da Palavra e Sacramentos da Presbyterian Church of America.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Paramentos

Por Douglas Wilson

Originalmente publicado em inglês em Credenda Agenda, em 19 de setembro de 2009.

Nota do Editor: Embora o Blog não subscreva todos os pontos de vista expressos pelo autor deste artigo, ele levanta alguns contrapontos práticos que geralmente passam em branco na reflexão dos partidários de um protestantismo reformado
high church.


Ao lidar com a questão dos trajes clericais, quer dentro do contexto de um Culto Público, quer fora dele, é difícil limitar a discussão a uma questão, apenas. Por exemplo, a questão de "usar paramentos" é uma questão. A questão de que esse uso seja obrigatório ou não, é outra, e ambas às vezes se sobrepõem. Nos estágios iniciais da Reforma inglesa, John Hooper voltou à Inglaterra no meio do reinado de Eduardo VI, e, dado o seu prolífico ministério no púlpito, foi-lhe oferecido o bispado de Gloucester. Ele declinou do cargo por ter escrúpulos quanto ao uso obrigatório dos trajes exigidos pelo Ordinal. Por sua recusa, foi lançado na prisão (por ninguém menos que Cranmer), e uma polêmica se iniciou.

quinta-feira, 4 de março de 2010

O incomum Livro de Oração Comum: ainda um best-seller, depois de 450 anos

Artigo originalmente publicado em inglês na revista Reformed Worship, n.º 53, Setembro de 1999.

Por Paul E. Detterman*

Por quanto tempo o povo de Deus tem debatido sobre a linguagem e a ordem do Culto? Por quase tanto quanto ele tem se reunido para orar e louvar a Deus.

A história da Igreja cristã tem sido marcada por épocas de estabilidade, quebradas por períodos de reforma. Quase sem exceção, o repensar da fé da Igreja (Teologia) tem inspirado a revisão do culto da Igreja (Liturgia), nem sempre nesta ordem. A oração, em uma tradição, precisa ser extemporânea (espontânea), ou não será considerada autêntica. Um século depois, aqueles que herdaram a tradição da oração extemporânea estão publicando livros de oração em um esforço para render ações de graças e intercessão a Deus em um estilo e forma considerados mais dignos da atenção divina. Os salmos metrificados de uma geração são os hinos empolados da próxima. Livros de oração, hinários, ordens de culto e lecionários vêm e vão. Governos e denominações ascendem e caem. E através disso tudo, alguns elementos da fé histórica e do culto da Igreja persistem.

O Pentecostes de 1999 marcou o 450.º aniversário do Livro de Oração Comum (LOC). Anglicanos fazem lembrar, com desculpável orgulho, que este é o mais antigo livro de culto em uso contínuo na Igreja de língua inglesa. Estantes de biblioteca, índices de periódicos e páginas da internet estão repletos da história detalhada e da análise exaustiva d'O Livro de Oração.

Mas esse aniversário não é simples curiosidade histórica, nem sua comemoração deve ser limitada aos cristãos que respondem a Cantuária. Historiadores da Igreja e teólogos do culto rapidamente nos lembrarão que muita da linguagem do LOC é familiar para incontáveis cristãos que nunca nem mesmo seguraram um exemplar em suas mãos. Esse livro de culto tão incomum, originalmente concebido uma geração antes de Shakespeare, continua a moldar a vida e a fé de cristãos de todo o mundo.

Origens do Livro de Oração Comum

Embora cristãos reformados, luteranos e anglicanos todos derivem uma porção significante de sua teologia e culto das reformas que aconteceram no século XVI, a Igreja da Inglaterra foi única tanto na origem como no resultado de sua reforma. O infame rei britânico Henrique VIII desafiou a autoridade do Papa e conduziu a Igreja da Inglaterra para fora de Roma por motivos tanto pessoais quanto políticos. Liturgia e oração estavam bem embaixo na lista das reclamações do rei. Como resultado, a reforma litúrgica seguiu a separação política a uma distância segura.

Não foi senão com a morte de Henrique em 1547 e a coroação de Eduardo VI (que ocorreu entre uma sonequinha e uma troca de fraldas do novo rei) que a reforma da Igreja inglesa floresceu. Em janeiro de 1549, dois breves anos após a morte de Henrique, uma comissão presidida por Thomas Cranmer, o longevo Arcebispo de Cantuária, compilou e apresentou um livro de oração para a aprovação da Convocação da Igreja e do Parlamento. Essa primeira edição do LOC seria extensamente revisada três anos após (1552) e subseqüentemente, banida durante o reinado de Maria I, "a Sanguinária" (1553-1558). Porém, a influência de sua estrutura e o poder de seu texto mudaram a Igreja.

Católico e Reformado

Embora pareça ser grosseria discutir genealogias em uma festa de aniversário, cristãos reformados e luteranos devem se lembrar de que, de muitas maneiras, o LOC é, em parte, nosso livro também. O Arcebispo Cranmer estava bem a par do progresso da reforma da Igreja no continente. Ao longo das décadas de 1520 e 1530, ele viajou pela Europa a serviço de Henrique VIII, e tomou contato com os ensinamentos dos reformadores, dentre os quais Lutero e Calvino, e aprendeu a política da reforma. Cumpre dizer que Cranmer foi essencial para a ida de intelectuais luteranos, calvinistas e zwinglianos para postos-chave das universidades da Inglaterra. As ordens de culto, as posturas e a linguagem das orações, e o entendimento dos sacramentos contidos no Livro de 1549 refletem uma síntese complexa das teologias e práticas católicas e reformadas.

Enquanto muito possa ser dito sobre a estrutura, o estilo e a influência do LOC, talvez mais importante para cristãos da tradição reformada seja a linguagem de suas orações e a centralidade que ele dá à Ceia do Senhor. De certa forma, o Livro conservou certos aspectos da herança de Calvino para seus descendentes diretos, até que estivéssemos prontos para recebê-los.

A linguagem das orações

No século XVI, a linguagem do culto era uma preocupação central. O culto na língua do povo não era um debate novo nos anos de 1500, nem era o ponto inicial de atrito para muitos dos reformadores. Mas a tradução do culto do latim para o alemão, francês, inglês e muitas outras línguas locais rapidamente seguiram-se às disputas iniciais. Cada reformador teve o seu poeta. Cranmer não foi exceção (embrora o seu possa ter sido uma comissão inteira!). De qualquer forma, desde a primeira edição em 1549, uma marca do LOC foi a beleza de seu texto.

As Coletas (orações curtas que reunem as preces silenciosas do povo nos diversos momentos do culto) são uma marca registrada do LOC. Muitas destas encontraram lugar em publicações reformadas, como o Livro de Culto Comum (PCUSA, 1993). Nos exemplos abaixo, note-se o uso das palavras e imagens que tornam essas orações simples, elegantes e sinceras (confira também o quadro ao final).

Oração ao fim do dia

Mantém vigia, amado Senhor, sobre aqueles que trabalham, vigiam ou velam nesta noite, e encarrega seus anjos daqueles que dormem. Atende os enfermos, Senhor Jesus, e concede descanso aos que se encontram fatigados, abençoa os que se encontram à morte, alivia os que sofrem, consola os aflitos, defende os que se alegram, tudo isso por amor do teu nome. Amém.

Coleta para a Quinta-feira Santa

Senhor Jesus Cristo, que estendeste teus braços de amor sobre a dura madeira da cruz, de modo que todos pudessem se aproximar de teu abraço salvador; veste-nos de teu Espírito, de modo que, estendendo nossas mãos em amor, possamos trazer aqueles que não te conhecem que te conheçam e te amem, para a honra de teu nome. Amém.

Uma oração pelos enfermos

Ó Deus, força dos fracos e conforto dos que sofrem, atende com misericórdia as nossas orações, e concede ao teu servo N. o auxílio do teu poder, de modo que sua enfermidade se torne em saúde, e nosso pesar em alegrias, por Cristo Jesus. Amém.

Nós, na tradição reformada, ainda pelejaríamos por mais quatrocentos anos com a linguagem da oração, criando padrões de intercessão que, se não por outra coisa, se tornariam memoráveis pela sua prolixidade, antes de retornarmos para o estilo do LOC como inspiração para uma nova geração de publicações de auxílio para o culto.

A centralidade da Sagrada Comunhão

De caráter central para o LOC, embora nem sempre para a prática de muitos anglicanos, foi o entendimento do Culto Dominical Central fundado tanto na Palavra quanto no Sacramento. O Livro de 1549 oferecia uma síntese do padrão romano, com os ofícios diários de oração matinal e vespertina, coroados pela Eucaristia no Dia do Senhor. Ao longo dos séculos seguintes, muitas igrejas não-romanas adaptaram suas práticas para se amoldarem à compreensão da época.

Cristãos da tradição reformada ainda celebram a Ceia do Senhor em ciclos trimestrais, mensais ou semanais, dependendo dos costumes e tradições regionais e locais das congregações. O LOC tem servido como um lembrete constante da intenção dos reformadores, e como um cutucão perpétuo para aqueles que elaboram os manuais de culto a cada nova geração.

E daí?

Um aniversário dessa magnitude é importante para os cristãos atuais, pois serve para nos lembrar de que as lutas que encaramos como oficiantes de culto em 1999 não são nada novas. As reformas da igreja que abalaram a Europa do século XVI não foram, de modo algum, únicas ou surpreendentes. Uma retomada do ensino e da pesquisa passaram a questinoar muita da tradição que evoluiu com a Igreja. Enquanto isso, o poder das Escrituras estava sendo redescoberto por aqueles na Igreja que não estavam contentes em ver os trapos da condição humana desacreditarem a Palavra de Deus. A Reforma era inevitável.

A Reforma da igreja, que continua a abalar a América do Norte nestes últimos dias do século XX não é única ou surpreendente, pelos mesmos motivos. A mudança continua inevitável.

Em tempos de reforma, aqueles que guiam a Igreja têm muito a aprender e a relembrar. O LOC de 1549 reuniu orações e salmos, litanias e ordens de culto de uma vasta gama de fontes separadas, organizando-as para que fossem úteis nos cultos público e doméstico, e traduzindo textos históricos do latim para a língua do povo. Se a publicação do LOC não tivesse realizado nada mais, isso mesmo já seria digno de nota. Porém, no transcurso do reinado de um infante-rei e em uma era de profunda reestruturação religiosa, o LOC ancorou a reforma da Igreja da Inglaterra dentro da tradição da Igreja histórica. Graças a Deus por esses 450 anos de oração comum, e pelas graças que ainda não conhecemos.

As Coletas de Thomas Cranmer

Para aqueles que se interessam por mais da contribuição do LOC de 1549 de Thomas Cranmer, confiram The collects of Thomas Cranmer, um novo livro de Frederick Barbee e Paul F. M. Zahl. As coletas se encontram na linguagem original, e cada uma é seguida de um comentário sobre seu contexto histórico e uma meditação voltada aos cristãos contemporâneos.

Excerto

ORAÇÕES PARA O ADVENTO, NATAL E EPIFANIA, DO LIVRO DE ORAÇÃO COMUM

As seguintes coletas são da edição de 1979 do Livro de Oração Comum da Igreja Episcopal dos Estados Unidos. (Sobre essa forma de oração que conclui, ou "coleta" as orações individuais do povo, confira Reformed Worship n. 52, p 44).

A edição de 1979 do LOC inclui ordens de culto e orações tanto na linguagem histórica quanto na contemporânea; um dos seguintes exemplos está na forma histórica, os demais, na contemporânea.

Primeiro Domingo do Advento

Deus Todo-Poderoso, concede-nos a graça de lançar fora as obras das trevas, e de revestir-nos da armadura de luz agora, neste tempo da vida mortal em que teu Filho Jesus Cristo veio para visitar-nos em grande humildade; concede-nos que, no último dia, quando ele vier novamente em sua majestosa glória para julgar os vivos e os mortos, nós possamos ascender à vida imortal; por meio dele, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e para sempre. Amém.

Segundo Domingo do Advento

Deus de misericórdia, que enviaste teus arautos, os profetas, para pregar o arrependimento e preparar o caminho para nossa salvação; concede-nos a graça de ouvir seus alertas e abandonar nossos pecados, de modo que possamos reeber com alegria a vinda de Jesus Cristo, nosso Redentor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e para sempre. Amém.

Terceiro Domingo do Advento

Manifesta teu poder, ó Senhor, e com grande força vem entre nós; e, porquanto somos amargamente abalados por nossos pecados, concede que tua abundante graça e misericórdia prontamente nos socorra e nos salve; por Cristo Jesus, Nosso Senhor, a quem, contigo e o Espírito Santo, sejam toda honra e toda glória, hoje e para sempre. Amém.


Quarto Domingo do Advento

Purifica nossas consciências, ó Deus Todo-Poderoso, pela tua visitação diária, de modo que teu Filho Jesus Cristo, em sua vinda, encontre em nós uma mansão para ele preparada, o qual vive e reina contigo, na unidade do Espírito Santo, um só Deus, agora e para sempre. Amém.

Nós Vos imploramos, ó Deus Todo-Poderoso, que purifiqueis nossas consciências por Vossa visitação diária, de modo que, quando Vosso Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, vier em Sua glória, Ele encontre preparada para Si uma mansão; por meio deste mesmo Jesus Cristo, Nosso Senhor, que vive e reina convosco na unidade do Espírito Santo, um só Deus, agora e para sempre. Amém.

A Natividade de Nosso Senhor: Noite de Natal

Ó Deus, que fizeste esta santa noite resplandecer com o brilho da verdadeira Luz; concede que nós, que conhecemos o mistério desta Luz na terra, possamos também gozá-lo perfeitamente no céu, onde, contigo e o Espírito Santo, ele vive e reina, um só Deus, em glória sempiterna. Amém.

Primeiro Domingo após o Natal

Deus Todo-Poderoso, que espargiste sobre nós a nova luz de teu Verbo encarnado; concede que esta luz, alimentada em nossos corações, possa brilhar em nossas vidas; por Jesus Cristo, Nosso Senhor, o qual vive e reina contigo, na unidade do Espírito Santo, um só Deus, agora e para sempre. Amém.

O Santo Nome de Nosso Senhor Jesus Cristo: 1.º de janeiro

Pai Eterno, que deste ao teu Filho encarnado o nome santo de Jesus para sinal da nossa salvação; planta em cada coração o amor a ele, que é o Salvador do mundo, Nosso Senhor Jesus Cristo, o qual vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, em glória sempiterna. Amém.


Segundo Domingo após o Natal

Ó Deus, que de forma maravilhosa criaste, e ainda mais maravilhosamente restauraste a dignidade da natureza humana; concede que partilhemos da natureza divina daquele que se humilhou para partilhar de nossa humanidade, teu Filho Jesus Cristo, que vive e reina contigo na unidade do Espírito Santo, um só Deus, para sempre e sempre. Amém.

A Epifania: 6 de janeiro

Ó Deus, que pela condução de uma estrela manifestaste teu único Filho aos povos da terra; guia-nos a nós, que conhecemos a ti pela fé, à tua presença, onde possamos ver tua glória face a face. Por Cristo Jesus, Nosso Senhor, o qual vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e para sempre. Amém.


_________________________
* Paul Detterman é conferencista, músico eclesiástico e Ministro da Palavra e Sacramentos da Presbyterian Church (USA). Ele trabalha como diretor executivo da Presbyterians for Renewal, um ministério nacional sediado em Louisville, Kentucky.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Atualização: Manual do Culto

A título de informação, o Rito I do Culto Público do Manual da SLR(link ali do lado) passou por uma revisão e foi atualizado. A diagramação também mudou. O texto foi corrigido em muitos pontos e a Oração Eucarística que vem com ele (a primeira do Manual, que terá algumas) foi bastante modificada.

Atualização (04/03/2010): Os Ritos I e II da Ordem para Celebração do Sagrado Matrimônio (ou simplesmente o Casamento Cristão) também foram revisados e republicados.

Confiram e opinem!!

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Afinal, o que é Quaresma?

Editorial originalmente publicado no boletim de 14 de fevereiro de 2010 da Congregação Presbiteriana de Abreu e Lima/PE.


A partir da próxima quarta-feira, todos os cristãos do Ocidente entrarão no período do Calendário Litúrgico chamado Quaresma. O nome vem do latim, quadragesima, porque o período é contado a partir do quadragésimo dia antes da Páscoa.

Mas quem “inventou” isso? O que significa esse período que antecede a Páscoa? Para que ele serve?

O teólogo reformado suíço Jean-Jacques von Allmen explica que, no ano 325, no Concílio de Nicéia, logo que os cristãos fixaram a comemoração de uma Páscoa cristã separada da dos judeus, para celebrar a ressurreição de Cristo, criaram também um período de preparação para essa festa.

A idéia dos antigos era que, como na vitória de um rei, celebrava-se com festas e banquetes (e o que é a Páscoa senão a vitória do Rei dos Reis sobre a morte?), a preparação para essa festa se fazia com jejuns e meditação, para tornar ainda maior a alegria da festa vindoura.

Também para os antigos, nesse período os catecúmenos, ou seja, os novos cristãos que pretendiam professar sua fé, receber o Batismo e tornar-se membros plenos da Igreja, passavam para uma etapa mais intensiva de instrução e meditação, para que pudessem ser batizados no Domingo de Páscoa.

Outros elementos foram associados, ao longo dos séculos, com a Quaresma. Por exemplo, passou-se a estudar, nas leituras bíblicas do Antigo Testamento, o período de 40 anos que o povo de Israel passou no deserto antes de poder entrar na Terra Prometida (e cria-se uma analogia entre a peregrinação dos israelitas com a nossa própria, que somos “estrangeiros em terra estranha” e ansiamos entrar na Pátria Celestial). E, na Idade Média, o catolicismo romano transformou a Quaresma em período de penitência, de pregação do arrependimento dos pecados e de conversão. Criou a opção de se trocar os jejuns (que eram feitos duas vezes na semana, às quartas e sextas-feiras) pela abstinência de algum pequeno prazer da vida (principalmente o consumo de carne ou de álcool, como muitos católicos fazem até hoje), ou pela prática de obras de caridade. Foi aí que surgiu, copiando a prática dos israelitas, o uso de cinzas sobre os penitentes, que era aplicada no primeiro dia da Quaresma (e que ganhou, no século 12, o nome de “Quarta-feira de Cinzas”).

E só muito depois, quando as pessoas comuns não eram mais ensinadas sobre todo esse significado da Quaresma, que virou mero legalismo e superstição, inventaram o Carnaval, que significa “Festival da Carne”, e era a “última chance” do povo de comer carne e tomar bebidas alcoólicas sem se encrencarem com a Igreja. E lógico que, como era a “última chance”, o povo aproveitava para se empanturrar e encher a cara.

Mas e para nós, que somos protestantes e reformados, o que significa a Quaresma?

Ela significa um tempo de reflexão na obra de Deus em nossa vida; do Deus que andou junto do povo de Israel no deserto como coluna de nuvem e de fogo, e anda hoje conosco (em nós!) por meio de seu Santo Espírito. Significa um tempo de meditarmos na caminhada do Senhor Jesus para Jerusalém, que ele já sabia que terminaria em sua morte, e mesmo assim prosseguiu; de meditarmos na cruz de Cristo e seu significado para nós, e de meditarmos na nossa própria cruz, pois assim como Cristo a venceu, ele promete nos auxiliar a vencê-la.

Seja Deus sempre conosco!

Eduardo H. Chagas

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Forma da ministração dos Sacramentos

Post colado de um tópico do Orkut das comunidades da IPB, IPI e IECLB.

***

Eu sei que eu sou um enjoado high church que nunca ficará satisfeito com a forma "evangélica" com que os Sacramentos e Ritos da Igreja são tratados na IPB. Sei que vocês me darão um bom desconto por isso.


Mas parece que as coisas andam piorando ultimamente.


Exemplo 1: o Sagrado Batismo, o infantil.

Quando eu era pequeno, celebrava-se assim: o pastor dava uma breve explicação do significado do sacramento (quando ministrado a crianças), apresentava os candidatos, fazia as perguntas e tomava os votos dos pais, fazia uma oração intercedendo pela vida do novo membro que a Igreja estava prestes a receber, ministrava o Sacramento e depois orava de novo (ele ou um presbítero) agradecendo pelo Sacramento.

(em tempo, eu sempre odiei o "ovelhinha de Jesus" ou o "filho(a) da promessa" que os pastores enfiavam no meio da fórmula batismal).

Hoje em dia, o meu pastor, apesar de usar as perguntas, a fórmula e a forma (tripla efusão) prescritas no Manual da IPI, elimina as orações e raramente dá o significado do Sacramento.

No resto do Presbitério, usam a forma (única aspersão) e fórmula daquele manualzinho podre do Carvalhosa, quando usam. De resto, também eliminam as orações.

Como única melhoria, agora costuma-se chamar "a família e os amigos" (leia-se, os padrinhos) para acompanhar este momento de perto, coisa que jamais acontecia antigamente. Eram só os pais, ninguém subia nem pra ver mais de perto nem tirar fotos. Não se tomam os votos dos padrinhos, claro, mas já é um progresso.

(Não sei nas regiões de vocês, mas por aqui, todo mundo tem padrinho, mesmo que a Igreja não tome os votos deles no Batismo)

Exemplo 2: A Confirmação e a Profissão de Fé com Sagrado Batismo

Antigamente o negócio era tratado como um rito de passagem importante. Era quase uma formatura, e essa idéia começava com o próprio catecumenato: levava o ano inteiro, podia-se tomar pau por faltas, era bem possível não ser aprovado na sabatina do Conselho.

O rito em si começava com a entrada dos presbíteros, que sentavam-se à Mesa. Cantava-se um hino ou cântico, o pastor anunciava os aprovados, então fazia as perguntas e tomava os votos de praxe. Ao final, recitava-se (de cor!!!!) o Credo Apostólico (única ocasião em que isso costumava acontecer na vida de uma IPB do interior), orava-se e então batizava-se quem tinha de ser batizado, e todos eram declarados membros professos da Igreja. Orava-se de novo ao final e prosseguia-se para a celebração da Santa Ceia.

Hoje, à semelhança do Sagrado Batismo infantil, o negócio foi terrivelmente simplificado, como se tudo isso fosse uma burocracia que infelizmente temos de cumprir, e não um momento grandemente solene e grandemente festivo na vida do Corpo de Cristo.

Agora, chamam os candidatos à frente, que ficam lá em cima, do lado do púlpito ou da Mesa (nas igrejas que têm a Mesa no centro do presbitério), virados pra congregação, como um bando de calouros num palco. Faz-se as perguntas, batiza-se quem precisa ser batizado e dispensa-se todo mundo. "Vamos logo com isso" é a impressão que se passa.


Exemplo 3: "A Celebração da Sagrada Eucaristia, também chamada de Santa Comunhão ou a Ceia do Senhor"

Aqui é que eu acho a decadência mais marcante. Tudo bem, usar a Grande Ação de Graças para consagrar os elementos é uma coisa que, dos pioneiros, acho que só Simonton e Blackford faziam, e nunca pegou nas igrejas do interior.

Mas a Santa Ceia ERA um momento solene e tratado com a devida reverência.

O Conselho se reunia em torno da mesa, o pastor explicava o significado do sacramento, fazia a advertência, fazia uma oração que sempre terminava com a Oração do Senhor feita pela congregação. O pastor lia ou recitava de cabeça a Instituição usando o texto de I Coríntios e dava um momentinho de silêncio para meditação. Alguns pastores já faziam a elevação e a fração do pão e a elevação do cálice durante a Instituição, o que eu desde pequeno sempre achei maravilhoso e correto, mesmo antes de ter contato com o catolicismo romano. Aliás, acho que foi imitando meu tio, na fração do pão na mesa do café em um sábado de 1998, que eu primeiro senti uma pontinha de vocação...

Mas enfim, recitava a Instituição, elevando ou não os elementos. Entregava-os aos presbíteros, que os distribuíam à congregação, que já comungava no ato. A Igreja permanecia de pé, senão durante toda a consagração, pelo menos para a comunhão.

Em alguns lugares, o pão era primeiro distribuído para toda a Igreja, depois o suco de uva que se transubstanciou em vinho... Em outros, os elementos seguiam juntos, e dependendo da eficiência dos presbíteros ou da lerdeza dos comungantes, era bem capaz de se receber o vinho primeiro (acontece na minha igreja ainda hoje)...

Depois de todos servidos, o pastor servia o Conselho, repetindo "Este é o meu Corpo, partido por vós. Comei dele todos", e o "Este é o cálice da nova aliança no meu sangue". E era servido por último.

Ao final, um presbítero fazia a oração de ação de graças pós-comunhão. Cantava-se mais um hino, seguiam-se os avisos comunitários, a oração final, a Bênção e o Amém. O hino servia para separar o sublime momento do Sacramento, dos avisos. Se na Ceia nós elevamos os corações, como diz tanto a tradição cristã histórica, como também Calvino, esse hino, ou pelo menos a oração pós-comunhão serviam para nos trazer de volta à terra para os avisos, por assim dizer.

Como ficou a prática padrão agora, no meu presbitério?

O pastor reune o Conselho durante um hino ou cântico.

Na minha igreja, em lugar da Instituição paulina, o pastor usa ou parafraseia o texto do Evangelho segundo S. João (que não é uma Instituição propriamente dita), "o meu Corpo é verdadeira comida, o meu sangue é verdadeira bebida".

Um avanço é que, em lugar da longa advertência, o pastor faz só o Convite à Mesa: todos aqueles que professam a Cristo como Senhor e Salvador e se encontram em plena comunhão com a sua Igreja são convidados a dar testemunho de sua fé comendo do pão e bebendo do cálice.

Aí, ele parte o pão (é um só pra igreja inteira) e entrega para os presbíteros. Nada dos ridículos cubinhos de pão de fôrma. E entrega as bandejas de "suco transubstanciado em vinho".

Meu pastor é batista convertido em presbiteriano, e isso aparece com força no costume que ele deu à igreja, de todos esperarem para consumir os elementos juntos. Em que pese a simbologia de que, assim, em tese, "celebramos a unidade do Corpo de Cristo", e que há um mandamento apostólico de "esperarmos uns aos outros", eu particularmente acho a prática ridícula.

Primeiro, por causa da pose ridícula de galinha choca em que demos de esperar, segurando o pão em uma mão e o cálice na outra. No banco não aparece tanto, mas os presbíteros lá em cima esperando com os elementos na mão são particularmente deploráveis.

Segundo, porque na hora de beber o cálice, para citar von Allmen, parece um grande brinde: "Saúde!", e todo mundo vira ao mesmo tempo a dose de pseudo-vinho. E segue-se o clic-clic infernal de 200 desses dedais de plástico sendo colocados na estante do banco.

O único outro avanço, além do pão comum, é que já há presbíteros (um deles de origem metodista), que ao distribuir os elementos dizem "O Corpo de Cristo" e "O Sangue de Cristo". Mas esses são dois num Conselho de cinco.

Normalmente, após a Comunhão um presbítero é convidado a dar graças, como é normal. E então o culto segue normalmente para o seu fim.

***

O que me motivou mesmo a abrir este tópico é que ontem foi domingo de Ceia. Mas após a Comunhão do cálice, o pastor nem mesmo observou um momento de silêncio, nem convidou um presbítero ao pós-comunhão. Já foi saudando os visitantes e dando os avisos.

Se a Oração pós-comunhão serve para nos trazer de pára-quedas do céu à terra, isso que aconteceu ontem equivaleu a amarrar uma âncora na perna e jogar no mar. Devo escrever um e-mail ao Rev. sobre isso também. Mas precisava comentar com vocês.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Liberdade com ordem

Caiu-me às mãos esta semana um fac-simile em PDF da primeira edição do Book of Common Worship, o manual de culto da Igreja Presbiteriana dos EUA (PCUSA), datada de 1906. Meses atrás, eu publiquei uma crítica do New York Times sobre o (então) novo manual, analisando as razões e possíveis desdobramentos de uma tal edição em um meio que até então (lá), como hoje (aqui) prima pela resistência a formas fixas para a celebração do Culto Público, seja por medo dos ministros de perder "para um livro" o controle da liturgia, que é uma de suas poucas prerrogativas constitucionais, seja por preconceito contra o catolicismo romano e outras tradições cristãs mais afeitas a liturgias mais bem-elaboradas.

Agora, com o volume em mãos, acho pertinente traduzir e publicar aqui o seu prefácio, o que passo a fazer agora.


PREFÁCIO

Dentre as igrejas do Senhor Jesus Cristo que adotam o governo presbieriano, a liberdade de culto tem sido estimada como um preciosíssimo privilégio e herança; e, conquanto elas tenham sido intrépidas e fiéis em sua guarda contra a intrusão de cerimônias supersticiosas e pesadas, elas também têm sido diligentes em buscar, nos trabalhos e ofícios religiosos, o meio-termo entre uma frouxidão excessiva e a uniformidade tirânica. Tudo quanto é instrução divina elas o observam em cada ordenança, enquanto o demais, elas se dedicaram a disciplinar "de acordo com as regras da prudência cristã, de conformidade com as regras gerais da Palavra de Deus" [citação do Diretório de Culto de Westminster, N. do T.].

Embora os Livros de Ordem Comum, que foram preparados pelas igrejas reformadas em sua aurora em todos os países, tenham contido igualmente as formas e orações, tais livros não foram tanto impostos por meio de inflexível legislação, mas antes, oferecidos e aceitos como pertinentes auxílios ao Culto; eles não apenas permitiam, como encorajavam a prática da oração livre. Em tal espírito o Diretório de Culto, adotado posteriormente pela Igreja da Escócia, para o bem da unidade com seus irmãos da Igreja da Inglaterra, longe de estabelecer uma forma invariável para o Culto Público, expressamente proveu a liberdade de variação; e não proibiu, de forma alguma, o uso de ordens e orações preparados, de conformidade com as instruções gerais de seu corpo.

A mesma sábia e feliz liberdade tem sido mantida na Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos da América até o dia de hoje. Por conseguinte, bem pareceu à Assembléia Geral de 1903, atendendo ao anseio de muitos pastores e igrejas, nomear uma Comissão de Ministros e Presbíteros Regentes que deveriam preparar "em conformidade com o Diretório de Culto, um Livro de Formas e Ofícios simplificado, adequado e útil ao uso voluntário das Igrejas Presbiterianas, para a celebração dos Sacramentos, Bênçãos Nupciais e Funerais, e a condução do Culto Público." Esta obra foi encaminhada, em fiel obediência e na humilde dependência do Espírito Santo, ao longo de três anos de labor paciente, e foi submetida, ainda em andamento, a duas Assembléias consecutivas. Os princípios que nortearam esta obra foram aprovados, e sua conclusão foi ordenada. E tal se deu, tanto quanto Deus nos permitiu, neste Livro que ora apresentamos, e agora é publicado para a finalidade determinada pela Assembléia Geral de 1905.

Este Livro de Culto Comum é, portanto, não para ser encarado como uma liturgia imposta por força de hierarquia. Nem tampouco se trata de substituto para o Diretório de Culto, senão como um complemento deste, cujos padrões são obedecidos em todos os pontos essenciais, e onde auxílio se oferece àqueles que o desejam, para a condução dos trabalhos e ofícios religiosos com reverência e propriedade. Nós temos avidamente estudado, no fito de incorporar as verdades de nossa santa religião à linguagem da ordeira devoção, de modo que pela ministração dos Sacramentos, a observância do Dia do Senhor e todos os ritos e ofícios comuns e ocasionais da Igreja, os homens possam ser instruídos e confirmados na fé de Jesus Cristo. Nós buscamos as Sagradas Escrituras, o uso das igrejas reformadas e os tesouros devocionais do Cristianismo primitivo, pelas mais nobres, claras e tocantes expressões do Espírito de louvor e oração; e temos adicionado a tais antigas e veneráveis formas e modelos, outros que podem ser úteis, sob a orientação do mesmo Espírito, de modo a dar voz a necessidades atuais, a anseios urgentes e esperanças vitais da Igreja que vive nestes últimos dias e na liberdade desta República.

No que concerne à forma com que os diferentes ofícios estão ordenados e organizados, e a melhor forma pela qual eles podem ser usados para a edificação, algumas sugestões são oferecidas nas páginas que seguem a este Prefácio; e, ao longo do Livro, o leitor atento encontrará instruções que precedem as várias partes dos cultos, não apenas para destacar seu significado espiritual, mas também para permitir que todo o povo se una nos atos do culto, de modo que todas as coisas sejam feitas decentemente e em ordem. As rubricas mais longas e mais importantes são transcritas do Diretório de Culto desta Igreja, que reprova, igualmente, o "confinamento dos ministros a formas fixas ou determinadas de oração no culto público" e o deixar que o culto divino seja lançado em ignomínia pelas suas "vis, irregulares ou extravagantes efusões". Deve-se lembrar, portanto, que as formas aqui oferecidas devem ser adotadas somente "se o Ministro assim o desejar", como um auxílio ao Culto Público, e não sem constante cuidado e diligência, pela "familiaridade com as Sagradas Escrituras, pela meditação, pela leitura dos melhores autores sobre o assunto e por uma vida de íntima comunhão com Deus, na busca pelo desenvolvimento do espírito e do dom da oração." [citação do DCW, N. do T.]

No Repositório de Orações, muitas coisas foram reunidas que podem ser não apenas úteis, de tempos em tempos, na condução dos Cultos Públicos, mas também úteis para a leitura e estudo, para o uso na devoção particular e no resgate do Culto Familiar, grandemente necessário em todas as nossas igrejas. É nossa esperança, portanto, que todo este Livro, tendo sido preparado com o desejo sincero de promover o conhecimento da salvação e da verdadeira devoção, possa ser recebido, estudado e empregado pelos fiéis membros desta Igreja e por fiéis cristãos de algures, no espírito de candura, simplicidade e amor fraternal; devotamente meditando sobre o real significado da fé cristã, e ansiando por adornar o Evangelho de Deus, Nosso Salvador, em todas as coisas. E para este fim, nós rogamos para que o Espírito Santo abençoe e acompanhe este Livro com sua onipresente graça, de modo que onde quer que ele seja empregado, os corações dos homens verdadeiramente sejam conduzidos ao trono da divina misericórdia, e que todos os povos encontrem conforto, alegria e força ao se unirem no Culto Comum de Deus, revelado em Jesus Cristo, nosso amorável Redentor.


A COMISSÃO DA ASSEMBLÉIA

Henry van Dyke, Presidente
Louis F. Benson
John De Witt
Charles Cuthbert Hall
John Clark Hill
W. Beatty Jennings
James D. Moffat
W. Robson Notman
William R. Richards
James H. Snowden
William R. Taylor
Ministros

Nolan R. Best
John H. Converse
Homer Lee
John E. Parsons
Robert N. Willson
Presbíteros Regentes