sexta-feira, 11 de junho de 2010

A Liturgia Evangélica 6: O Chamado à Adoração


Por Michael "iMonk" Spencer

The Evangelical Liturgy 6: The Call to Worship originalmente publicado em InternetMonk, 25 de agosto de 2009.

"Tributai ao SENHOR a glória devida ao seu nome; trazei oferendas e entrai nos seus átrios. Adorai o SENHOR na beleza da sua santidade; tremei diante dele, todas as terras. Dizei entre as nações: Reina o SENHOR. Ele firmou o mundo para que não se abale e julga os povos com eqüidade. Alegrem-se os céus, e a terra exulte; ruja o mar e a sua plenitude. Folgue o campo e tudo o que nele há; regozijem-se todas as árvores do bosque, na presença do SENHOR, porque vem, vem julgar a terra; julgará o mundo com justiça e os povos, consoante a sua fidelidade."

Nenhum elemento da liturgia evangélica é tão claramente bíblico quanto o Chamado à Adoração. Ele tem suas raízes firmemente plantadas no vocabulário, na história e na teologia bíblicas.

O chamado de Deus é fundamental para o anúncio geral da salvação e a obra específica do Espírito Santo na vida do crente. O chamado de Deus cria, reúne e identifica. Ele investe uma reunião comum com a significância do povo de Deus entrando na presença e no propósito de Deus no culto.

O Chamado à Adoração é uma re-encenação de aspectos fundamentais e cheios de significado da vida do indivíduo e do povo de Deus coletivamente. Nós somos chamados para Deus, chamados para adorá-lo, chamados para a missão e chamados para prestar atenção à Palavra e sua obra em nosso meio. Nós somos chamados a pôr nossos pensamentos em Deus e ouvir seus mandamentos e convites.

Na minha experiência, há um sentimento de traição que acontece quando um culto público não inclui um chamado formal à adoração. A informalidade de muitos cultos evangélicos é espiritualmente desencorajadora, deixando o participante sem uma experiência coletiva de Deus chamando-o(a) à atenção e ao trabalho da adoração. É como se nós simplesmente tivéssemos sido postos juntos, sem qualquer propósito maior do que fazer a próxima coisa que nos será pedida, da lista de alguém. Nossa identidade, nosso "chamado" às experiências de louvor, oração e adoração têm sido esquecidas ou completamente negligenciadas. Há algo profundamente errado com as aberturas relativamente destituídas de significado de muitos dos cultos evangélicos.

Você já esteve em uma reunião de adoração onde o culto começou com nada? Talvez uma tentativa malsucedida de humor, seguida do anúncio de um hino? Nada de Chamado à Adoração. O impacto dessa falta de seriedade e de intenção é profundo. Ele desencoraja, não encoraja, a um culto de coração, mente, alma e voz.

Agora, eu entendo que se não houver um Chamado à Adoração determinado, ele provavelmente não será incluído, e eu entendo que hábitos como começar o culto com uma piadinha pode ser um jeito de aliviar um momento de nervosismo. Mas no contexto do culto, a ausência do Chamado à Adoração nos deixa sem direção alguma, sem identidade e deixando a responsabilidade de criar essa identidade e propósito para algum outro elemento do culto.

Enquanto isso, quem nós somos e o que estamos fazendo? O Chamado à Adoração estabelece esse contexto importante, e eu creio que é fundamental para um culto com significado e intenção.

O abandono do Chamado à Adoração ou a sua substituição por -- é claro -- mais música, é uma perda significativa e danosa. E totalmente desnecessária.

Uma voz clara, forte, chamando-nos a reconhecer a presença do Senhor, levarmos nossa alegria a sério e pormos todo o nosso coração no cantar, orar e ouvir... isso é um elemento fundamental do culto. Nenhuma tecnologia é necessária. :-)

Esta é uma área na qual o modelo de culto voltado ao seeker¹ se mostra um verdadeiro desafio. O Chamado à Adoração é antitético ao propósito do culto-para-o-seeker, que é incluir aqueles que não se consideram povo de Deus ou em um relacionamento com Deus. É nessa área que muitos cristãos contendem quando a liderança pede à igreja que abandone os sinais externos, familiares, litúrgicos, de ser povo de Deus, e assuma uma identidade mais missional, voltada aos seekers, que abandona coisas como o Chamado à Adoração.

Material para chamados à adoração são facilmente encontrados nos vários livros de culto e oração comum, e manuais litúrgicos. No seu excelente livro Christ centered worship, Bryan Chappell traz uma excelente discussão do Chamado à Adoração e exemplos para encontrá-los/compô-los a partir de várias fontes dentro e fora da Bíblia. Muito material para chamados à adoração pode ser encontrado na internet.

Compor um Chamado à Adoração apropriado, que contemple a tônica de cada culto, é uma grande ajuda e encorajamento para todos os participantes. Eu espero que aqueles que desejam estabelecer uma renovação litúrgica em suas igrejas aprendam a preparar chamados à aforação que comuniquem à congregação, que invoquem a presença de Deus e dêem foco ao propósito do culto.

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1. Seeker, na literatura de eclesiologia e missiologia de mercado, são os não-cristãos que demonstram algum interesse por espiritualidade e procuram algum contato com esse tipo de esse tipo de experiência, cristã ou não. A grande tônica da missiologia de mercado nos anos 1990 e 2000 tem sido atrair esse tipo de gente com cultos menos formais e mais acessíveis, com base no referencial teórico de Bill Hybels e Rick Warren. N. do T.

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