sábado, 26 de junho de 2010

A Liturgia Evangélica 8: A Leitura Pública das Escrituras

Por Michael "iMonk" Spencer

The Evangelical Liturgy 8: The Public Reading of Scripture originalmente publicado em InternetMonk, em 7 de setembro de 2009. Traduzido com permissão.

Para quem está chegando agora, leiam a Introdução desta série, então cliquem aqui em Série: Liturgia Evangélica para ler os demais artigos. Resumindo, eu estou caminhando por todas as partes do culto protestante tradicional e discutindo o mérito de recuperarmos nossa própria tradição litúrgica.

Em 7 de março, eu escrevi "The strange case of the missing Scripture Lessons". Ele é uma boa leitura complementar para este post.

Na maioria dos cultos de igrejas "litúrgicas", algo entre 10 a 15 minutos de todo culto são investidos na leitura pública das Escrituras. Nas tradições mais comuns, os textos do lecionário do dia são lidos ou cantados, responsivamente e/ou por leitores. Isso pode incluir um Salmo do dia, uma lição do Antigo Testamento, uma lição do Novo Testamento e uma leitura dos Evangelhos, que freqüentemente é a base do sermão. Sentenças bíblicas podem pontuar outras porções do culto e não é inusitado que o sermão ocasionalmente seja baseado em um texto que não os das lições do dia.

Em muitas igrejas evangélicas, particularmente aquelas com um sabor mais contemporâneo, a leitura pública da Bíblia é evitada. Textos são espalhados em algumas letras de músicas e inseridos como pontos, ou dados em referências no sermão. Mas não haverá lições bíblicas, nenhuma leitura das Escrituras fora do uso de textos em alguma parte do culto, e nenhuma noção de que leituras substanciais da Bíblia sejam um uso elevado e digno do tempo do culto.


Ironicamente, as igrejas litúrgicas e seu culto saturado das Escrituras é que serão chamados de liberais por uma igreja evangélica que carrega a Bíblia debaixo do braço e a chacoalha no ar furiosamente, mas não a lê. Declarações de confiança na Bíblia como "a Palavra inerrante de Deus" coexistem paradoxalmente com cultos onde o máximo de Bíblia que se escuta vem em doses homeopáticas projetadas entre clipes e outras mídias visuais.

Tudo isso, contra o fundo dos vários mandamentos e exemplos, em ambos os Testamentos, dá a noção, para qualquer aluno de quinta série com meio cérebro, que a leitura pública das Escrituras é um elemento essencial do culto. Como Paulo diz em I Timóteo 4.13, "Até à minha chegada, aplica-te à leitura [pública das Escrituras], à exortação, ao ensino."

É aqui que a lógica da abordagem de crescimento de igreja/igreja voltada para os consumidores dá de cara com o muro. Ler publicamente as Escrituras é maçante, dá trabalho e toma tempo; requer explicação, e se seu mantra tem sido "nós não somos como a sua velha e chata igreja", isso pode te render um processo por propaganda enganosa.

As igrejas que adotam a leitura de lições bíblicas como uma disciplina, dão a ela um lugar alto e proeminente no culto. Os leitores precisam ser treinados. Atenção deve ser dada à dicção e às rubricas apropriadas. Nomes, lugares e outros obstáculos devem ser resolvidos de antemão.

Isto não é a leitura individual, privada, das Escrituras -- uma disciplina valiosa que jamais deve ser abandonada -- mas a leitura pública da Palavra de Deus na igreja. A leitura de lições das Escrituras é a leitura e a audição da Palavra de Deus, seu livro da aliança, na presença de seu povo. É cheia de avisos, bênçãos, promessas, maldições e exemplos. É a história e a proclamação do Evangelho. Não há como se falar em submissão e confiança em uma Palavra que nós relutamos em ler uns para os outros.

Algumas igrejas pequenas que eu conheço simplesmente lêem um capítulo inteiro a cada culto. Sim, Ezequiel e Levítico também. Outros usam um lecionário com três leituras. Muitas igrejas litúrgicas têm uma cópia dos Evangelhos que eles carregam para o meio da congregação para ser lido, enquanto o povo canta aleluias por toda a parte. Coisa linda de ver.

Os leitores podem ser de muitas idades, de ambos os sexos, e em qualquer fase da vida.

A Palavra pode ser lida simplesmente, responsivamente, dramaticamente e de formas as mais criativas. Usar diferentes traduções pode ser aceitável, a menos que a liderança esteja tentando unificar a igreja em torno de uma só.

A leitura da Palavra pode ser seguida de responsos ou de silêncio.

Lecionários podem ser impressos para a congregação, para que todo mundo saiba quais textos serão usados no culto do Dia do Senhor. Quando a vida devocional, a leitura, o culto e a pregação todos giram em torno do lecionário, há uma verdadeira unidade na comunidade.

Se sua igreja não lê a Bíblia publicamente, comece devagar. Não tente transformá-los em anglicanos ou luteranos de uma semana para a outra. Treine leitores. Explique por que você está usando mais textos bíblicos. Use a frase que nós usávamos em Soli Deo: "O sermão é o servo das Escrituras".

Encoraje as pessoas a ouvirem a Palavra e a acompanharem o texto. Não há motivo para dizer que o culto exige só uma ou outra coisa.

Ore por uma reforma da leitura pública das Escrituras entre os evangélicos. Que vergonha que, entre aqueles que alegam tanto amor pela Bíblia, ouve-se tão pouco da Bíblia.

Até que essa reforma venha, leia a excelente abordagem de Eugene Peterson sobre o papel das Escrituras no culto. Qualquer livro dele fala sobre isso.

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